top of page

🇧🇷 A Guia Naturalista em Campo: Observação de primatas na Reserva Mamirauá

Na região da Uakari Lodge podemos observar cinco espécies de primatas – dentre elas o macaco uacari branco, que só existe em Mamirauá

Uakari Lodge | Mamirauá Reserve | Amazon Brazil

Macaco uacari branco (Cacajao calvus calvus)

Alguns hóspedes que vêm à pousada Uacari têm interesse especial em observar os primatas e é deles que vamos falar hoje!

A observação de aves (birdwatching) é uma atividade praticada há muitas décadas por muitas pessoas ao redor do mundo, outra prática que vêm mostrando a mesma tendência é a observação de primatas (primate watching). O Brasil tem grande potencial para ser um dos locais mais cobiçados pelos observadores de primatas já que é o país que abriga a maior biodiversidade de espécies deste grupo, cerca de 140, sendo que 92 estão na Amazônia!

Na Zona de Ecoturismo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (onde são realizados os passeios da pousada Uacari) ocorrem cinco espécies de primatas: Cacajao calvus calvus, Saimiri vanzolinii, Saimiri sciureus cassiquiarensis, Sapajus macrocephalus e Alouatta juara.

Uakari Lodge | Mamirauá Reserve | Amazon Brazil

Vamos começar do começo, e para tanto temos que falar do Cacajao calvus calvus, ou como conhecemos popularmente: o macaco uacari branco! Sim, o nome da pousada é uma homenagem ao animal que deu origem ao processo de criação da Reserva Mamirauá. Em 1983, o primatólogo José Márcio Ayres chegou aqui na região de Tefé para estudar pela primeira vez a ecologia e o comportamento desse incrível primata que vive nas florestas alagadas. O local escolhido para a pesquisa foi o lago Mamirauá (<3), que na época sofria grande pressão exploratória (principalmente pelo recurso pesqueiro).

Durante o estudo Ayres descreveu ainda uma nova espécie de macaco: Saimiri vanzolinii, o macaco-de-cheiro da-cabeça-preta, que é o primata neotropical com a menor área de distribuição – só ocorre em aproximadamente 870 km², contidos dentro da Reserva Mamirauá (se quiser realmente vê-lo sua melhor opção é nos visitar 😉 ). Para continuar seus estudos tranquilamente, protegendo os dois macacos endêmicos e o ambiente que estava sendo super explorado, Ayres e seu colega fotógrafo Luiz Claudio Marigo propuseram ao governo a criação de uma unidade de conservação na área. Criou-se então em 1990 a Estação Ecológica Mamirauá, uma reserva de 1.124.000 hectares (a única exclusivamente de várzea amazônica) cuja recategorização em 1996 deu origem a primeira Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Brasil: a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, modelo que reconhece e contempla os povos tradicionais (indígenas e ribeirinhos) residentes e hoje já é amplamente replicado em outras áreas do país.

Uakari Lodge | Mamirauá Reserve | Amazon Brazil

Macaco uacari branco (Cacajao calvus calvus)

Voltando aos primatas, nas visitas à pousada Uacari, os hóspedes podem ainda observar os fofos e ágeis Macaco-de-cheiro, Saimiri sciureus cassiquiarensis, este que alguns chamam de macaco de cheiro comum para diferenciar do da-cabeça-preta (eu não gosto de nenhum nome popular que tenha a palavra “comum” já que pra mim todos os bichos são extraordinários!).

Uakari Lodge | Mamirauá Reserve | Amazon Brazil

Guariba (Alouatta juara)

Há também a possibilidade de encontrar os inteligentíssimos Macacos-prego, Sapajus macrocephalus, que são onívoros e desenvolveram diferentes técnicas para obter e analisar alimentos: desde bater nos frutos para avaliar seu conteúdo pelo som até utilizar ferramentas como um graveto para encontrar e abrir um ninho de jacaré. Presenciar um comportamento desses é muito interessante e nos faz pensar sobre nossa própria espécie e sobre a relação com este e outros primatas.

Por fim, mas não menos importante, temos os sonoros Guaribas (nome amazônico para a espécie regional de Bugio), Alouatta juara, que só fazem o barulho assustador para evitar contato com outros grupos e são totalmente inofensivos e apaixonantes.

***

Créditos:

. Texto e imagens: Cynthia Lebrão

Comments


bottom of page