Junho está chegando com o programa da Uakari Lodge, Jaguar Expedition. Os visitantes contribuem para a valorização da Reserva Mamirauá e todo o importante trabalho de conservação da sociobiodiversidade e manejo dos recursos naturais que ocorrem na região amazonense.
O programa Jaguar Expedition da Uakari Lodge é uma iniciativa pioneira que alia turismo, conservação e difusão científica para hóspedes e comunitários em torno de uma espécie ameaçada, a onça-pintada (Panthera onca) que vive na região amazonense da Reserva Mamirauá.
Neste começo do ano, os pesquisadores do Instituto Mamirauá, que realizam pesquisas em conservação e ecologia de felinos na Amazônia Central, iniciaram o processo colocando o colar para o monitoramento das onças. A equipe é composta por médica veterinária, biólogos e assistentes de campo, todos comprometidos com manter o bem estar do animal.
Conversamos com o Marcos Brito e o Miguel Monteiro que compõem a equipe para contar para vocês como o programa se organiza para cuidar das onças e dos visitantes.
Confira a seguir!
Onças-pintadas de comportamento único
Os pesquisadores nos contam que em Mamirauá, há uma densidade altíssima de onças. Estima-se que a cada 100 km², vivam aproximadamente 10 animais com um comportamento único.
É uma espécie guarda-chuva, a sua conservação garante a proteção de inúmeras outras espécies que convivem com a onça nas enormes áreas que necessitam para sobreviver.
As onças de Mamirauá se adaptaram ao pulso de inundação (que alaga toda a reserva por 3 a 4 meses por ano) passando a levar uma vida arbórea e semiaquática durante esse período. A onça-pintada é uma espécie predadora de topo, ou seja, ela tem um papel fundamental para o ecossistema no qual está inserida, regulando as populações de presas e pequenos predadores através de interações ecológicas.
São capazes de viver, se alimentar, se reproduzir e cuidar dos filhotes nas copas das árvores e nadando entre elas.
“Sendo um predador de topo e com características tão únicas na região, estudar seu movimento, ecologia e comportamento é essencial para subsidiar práticas de conservação para a espécie na várzea.”
Marcos
O bem-estar do animal no processo de colocar o colar
Os colares são colocados nas onças-pintadas durante a época da enchente, no início do ano. Com a subida dos rios, menos terra fica disponível, o que aumenta a probabilidade de que as onças passem por onde foram instaladas as armadilhas.
Em uma rotina extenuante para a equipe, as armadilhas são monitoradas a cada 4 horas para garantir que o animal passe o mínimo de tempo possível no laço. Apesar de todos os cuidados, devido a movimentação do animal é possível que ocorra um inchaço na pata que se prenda ao laço. Essa alteração já é esperada e solucionada através da aplicação de medicamento específico na região afetada.
“Além disso, as armadilhas são construídas e instaladas levando em conta o comportamento e a força das onças-pintadas. Cada laço conta com um mecanismo amortecedor, que reduz o impacto das tentativas de escapar do animal, bem como também conta com outro mecanismo que permite com que o laço acompanhe o movimento da onça 360 graus. Isso permite com que a onça consiga girar e pular sem se machucar.”
Marcos
A pesquisadora e médica veterinária, Louise Maranhão, lidera todo o trabalho acompanhando os parâmetros vitais e a saúde geral do animal durante todo o processo. Os seus cuidados também se estendem no estudo da ocorrência de patógenos de origem em animais domésticos que ocasionalmente acometem as onças capturadas.
O turismo como sensibilizador a preservação da onça-pintada
Quando a cheia chega, geralmente em junho, começa o monitoramento das onças capturadas dentro da floresta alagada, utilizando canoas.
Apenas nesse período é possível a participação de visitantes, que é quando as onças já estão usando as copas das árvores para descansar, caçar e reproduzir.
A atividade turística na Reserva, através da Uakari Lodge, gera benefícios econômicos diretos para as comunidades locais.
Como é o caso do pacote de turismo Jaguar Expedition, que leva os turistas para observar as onças que são monitoradas pelo grupo de pesquisa, possibilita que incremente a renda que é repassada para as comunidades.
“Um estudo realizado pelo grupo de pesquisa concluiu que nas comunidades onde ocorre o turismo, as pessoas são mais tolerantes em relação à presença das onças e têm atitudes mais positivas em relação à espécie. Tendo em vista o objetivo de promover o desenvolvimento social destas comunidades, é do interesse do Instituto Mamirauá compreender estas interações conflituosas entre pessoas e onças para garantir a qualidade de vida das comunidades e a conservação a longo prazo da espécie”
“Dessa forma, a atividade de turismo não só contribui para a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais, como também auxilia na conservação das onças-pintadas ao melhorar as relações entre onças e moradores locais.”
Miguel
Miguel e Marcos indicaram a leitura para compreender o comportamento das onças-pintadas da região, descrito por Emiliano Ramalho e colaboradores em 2021, acesse pelo link: https://esajournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/ecy.3286.
Confira esse e outros programas aqui, te vemos em breve :)
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