A ciência é a principal responsável pelo desenvolvimento de um país e muitas mulheres estão na base desse processo, mas como elas podem estar no topo, liderando?
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O desenvolvimento de qualquer país ocorre quando há investimento na produção de ciência e tecnologia. Como diz no Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação (2007-2010) “são, no cenário mundial contemporâneo, instrumentos fundamentais para o desenvolvimento, o crescimento econômico, a geração de emprego e renda e a democratização de oportunidades”.
Embora, de acordo com o IPEA, as mulheres sejam cerca de 54% dos estudantes de doutorado no Brasil, as cientistas brasileiras não estão tão bem representadas nos níveis mais altos da carreira acadêmica, representam apenas 24% dos beneficiários de um subsídio do governo brasileiro (bolsa produtividade) e são apenas 14% da Academia Brasileira de Ciências.
Conversamos com a Susy Simonetti, professora do curso de Turismo na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), sobre a importância das práticas de inclusão das mulheres, na ciência para a igualdade de gênero. Confira a seguir!
“A ciência faz parte da nossa natureza. Estamos sempre nos questionando. A curiosidade nos move para que novos conhecimentos sejam constituídos.”
Susy inicia nossa conversa enfatizando que o conhecimento é ancestral, “muitos passados entre gerações, principalmente entre os povos tradicionais e comunidades indígenas”. Muito do que temos o entendimento, hoje, é o esforço de diversas etnias selecionando e experimentando o espaço há milhões de anos atrás. É importante preservar esses saberes.
Esse acesso ao conhecimento pode mudar a dinâmica das desigualdades sociais, permeando as estruturas sociais, incentivando uma nova relação com o meio ambiente. Como a sociedade se organizou para o enfrentamento da COVID-19, é um caso que deixou nítida a importância da ciência, de que não está distante do cotidiano. Aos poucos foi reduzindo seu agravamento através da ciência e tecnologia, com a produção da vacina, voltando a impulsionar os países.
“Sem ciência, tecnologia e inovação, como um país consegue se desenvolver? Estes atestam qualidade de vida para as pessoas."
O Brasil precisa dessa busca de respostas, pensar nessa produção científica, ampliar o diálogo de saberes com povos tradicionais, quilombolas, ribeirinhas e extrativistas. "É por meio desse diálogo, do investimento na ciência brasileira, que conseguiremos sair da estagnação que o país se encontra atualmente. Um trabalho contínuo, feito por muitas mãos.”
Houve um avanço significativo quanto a inserção e participação das mulheres no campo científico, foram admitidas em universidades e iniciaram a carreira de pesquisa. Ainda há questões que necessitam de atenção e políticas assertivas: uma é a concentração de mulheres em determinadas áreas. Deve ser incentivado, para que elas possam ter acesso, ascender e produzir ciência.
A outra questão é que em até determinado ponto elas avançam, no entanto, “há uma hierarquia na academia que é ocupada por homens, independente da área de conhecimento que se atua. Mesmo que haja participação, não está equilibrado. ”
"Toda produção, todo acolhimento, editais, recursos, projetos que incentivem a participação dessas mulheres, podem promover essa ascensão em sua carreira."
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A Susy citou o estudo do International Science Council, “Igualdade de gênero na ciência: inclusão e participação de mulheres em organizações científicas globais” (29/09/21). Este estudo, relata que a participação das mulheres, em mais de 120 organizações científicas, ordenadas a nível global, estão sub-representadas. Há uma disparidade, ainda que tenha acontecido um avanço e aumento dos números sobre as mulheres produzindo ciência. “Esse relatório conclama a uma coalizão de igualdade de gênero na ciência global para garantir uma agenda de ação transformadora”.
É importante que haja um estímulo à ação, que haja o reconhecimento do trabalho, a inclusão de mulheres na ciência, que haja parcerias, para que isso possa ocorrer. “Só a colaboração dos diversos atores sociais, é que vai permitir que haja mais igualdade de gênero na ciência. ”
"Garantindo que a gente se reconheça no outro e que as jovens cientistas avancem na produção de conhecimento, que sejam representantes e sejam reconhecidas. Um equilíbrio, uma sociedade com uma quantidade maior em equidade de gênero."
Confira mais sobre o estudo do International Science Council, clicando aqui.
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