Preservar a vivência e terras indígenas, para o combate à poluição, também promove a saúde da população mundial.
Quando pensamos em saúde, automaticamente associamos a qual o remédio trará o efeito mais específico.
Esse imediatismo tem nos distanciado do cuidado de nós mesmos na rotina. Acabamos por esquecer que, estar saudáveis, também está relacionado com a qualidade da nossa água, do alimento, do ar e até os nossos momentos de lazer. Recursos que estão cada vez mais escassos por causa da relação que as pessoas têm tido com a Terra. As ações humanas são responsáveis pelo desmatamento, a falta de gestão dos resíduos sólidos, poluição de rios, construções em área de nascentes, a emissão de gases causadores do efeito estufa, entre outros, que impactam a sua própria saúde.
Para esse artigo conversamos com o Pedro Nassar, coordenador do Programa de Turismo de Base Comunitária do Instituto Mamirauá, e a Patrícia Rosa, pesquisadora doutora do Instituto Mamirauá, para conversar sobre os usos e os elos com a terra que perdemos ao nos tornarmos uma sociedade da produção desenfreada.
Na linha de frente, nessa disputa de quem vai cuidar (ou não) da floresta e toda a sua riqueza, estão os povos originários, que enxergam e se relacionam com a terra em uma dinâmica de cuidado e respeito. Hoje encontramos diversas pesquisas apontando que as terras indígenas são as mais eficazes para manutenção dos estoques de carbono, por exemplo.
Podemos reaprender, entendendo esse ciclo: que preservar as vivências das terras indígenas é promover o uso sustentável dos recursos (o tempo também é um recurso!), combatendo a poluição e gerando assim, saúde.
A saúde, para os povos indígenas, está ligada intrinsecamente ao território, à terra. Não vendo como o processo do adoecimento, mas sendo as práticas do dia-a-dia. As afetações que temos, como a instabilidade econômica, pouca estrutura da moradia, dificuldades para acessar instituições de saúde e lazer, afetam o bem-estar das pessoas, que as adoecem, também. O excesso de acúmulo de coisas tristes.
"O cuidado consigo, com os parentes, um cuidado extensivo com o ambiente, a natureza, os modos de vida, estão ligados diretamente ao bem-estar."
Patricia Rosa.
Esse relacionamento com o espaço pode ser visto na Terra Indígena Jaquiri, área habitada pelos Kambeba. Acreditam que o espaço é quem os sustenta, se ele adoece, também ficam vulneráveis. Através das visitas, pelas experiências, em parceria com a Uakari, há educação socio-ambiental, para a preservação da Amazônia, no momento em que, conhece a sua cultura e é encantado por ela.
“Um território que se perde, é um lugar que não se pode visitar. Uma espécie que se perde, é um atrativo que não será mais visto. Detalhes importantes para que a Amazônia se perpetue.”
Pedro Nassar.
A importância de preservar as vivências indígenas está em manter a biodiversidade e multiplicidade de formas de vida. O fortalecimentos do território, é fortalecer a cultura, que é uma parte importante do que somos, podendo assim projetar como queremos que o futuro seja.
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