Durante a estadia na Uakari Lodge, os hóspedes tem oportunidade entender melhor como vivem os ribeirinhos da Reserva Mamirauá. Eles agora contam com você
No caminho para a Pousada Uacari, quando estamos navegando pelo rio Solimões, passamos por alguns locais às margens onde há construções elevadas de madeira, atividades de pessoas e barcos: são comunidades ribeirinhas. Chegando ao nosso destino, somos recebidos por alguns dos moradores das comunidades que avistamos, estes se apresentam: são gerentes, supervisores de manutenção, alimentos e bebidas, lazer, cozinheiros, copeiros, camareiras, guias e os nossos hóspedes começam realmente a entender como funciona uma iniciativa de Turismo de Base Comunitária – TBC.
TBC é sobre tornar comunitários protagonistas no lugar onde vivem através do oferecimento de experiências orgânicas e sustentáveis. Viajar para Mamirauá não se trata apenas de visitar um lugar, mas também de conhecer o incrível povo da várzea e seu modo de vida (experiência transformadora não só para turistas, mas também para os colegas de trabalho que cresceram em uma realidade totalmente diferente, tipo eu mesma).
Como estas comunidades foram formadas?
O assentamento destas pessoas em Mamirauá se deu a partir da década de 1940, quando os nordestinos que haviam migrado para trabalhar na extração do látex se viram sem condições e apoio para voltarem à sua terra natal após a queda do segundo ciclo da borracha. Esses imigrantes foram estabelecendo relações com os indígenas que também habitavam a região, e foi assim que surgiram os caboclos ou ribeirinhos.
Esses locais habitados costumavam ser bem isolados, apenas uma família por localidade e só foram tomar as formas das comunidades como vemos hoje a partir da década de 1970 quando o Movimento de Educação de Base (MEB) organizado pela Igreja Católica começou a levantar e capacitar líderes comunitários. Estas lideranças também atuavam para obter reconhecimento e assistência do governo. O MEB tinha também um forte apelo ambiental e foi assim que os ribeirinhos puderam categorizar e proteger seus lagos, dos quais dependem para obter o recurso mais valioso da várzea: o peixe.
A essa iniciativa e noção de que precisavam proteger o local onde vivem uniu-se o primatólogo José Márcio Ayres, um pesquisador que chegou em Mamirauá para estudar os Uacaris (podem ver o quão emblemático o macaco que dá nome a pousada é nessa história toda né?! Mas essa fica para um outro post) em 1983, e essa parceria culminou na criação da reserva em 1985.
Ayres foi ainda o responsável pela ideia da Pousada Uacari que surgiria em 1997 como um modo de complementar à renda dos comunitários após a criação da reserva e melhorar a condição de vida dos mesmos conciliando isso à preservação do ambiente.
Os novos desafios durante a pandemia de COVID-19
Durante a estadia na Pousada Uacari os hóspedes tem oportunidade entender um pouco melhor como vivem os ribeirinhos. Estes têm como principais atividades econômicas a pesca, a produção de farinha de mandioca, a agricultura e o ecoturismo. Muitas dessas atividades estão paradas ou dificultadas pelo período de cheias e pela pandemia de COVID-19 que estamos vivendo, colocando as populações ribeirinhas em situação de vulnerabilidade. A cidade de Tefé, principal pólo de apoio da região é uma das mais atingidas pelo novo coronavírus, tendo uma das maiores taxas de casos confirmados por habitante no país. A Pousada Uacari está apoiando um financiamento coletivo que visa a compra e distribuição de máscaras, produtos de higienização e cestas básicas para ajudar os ribeirinhos a enfrentar esse período difícil.
Texto: Cynthia Lebrão / Imagens (foto e vídeo): Gui Gomes
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